"A única recompensa que você recebe depois de sofrer, é amadurecimento. Mais nada... afinal vida não mima ninguém." Tati Bernardi
DANDO SENTIDO A ALGUMA COISA - EP 1 - PRECOCE
"Não existe mãe mais bela que a minha" era o que o pequeno Dennis pensava enquanto assistia a sua mãe se arrumando, mas também o que muitos rapazes concordariam ao se deparar com a formosa Gabriela.
_Mãe, quantos anos você tem?
_Ora Dennis, isso é pergunta que se faça a uma mulher? Uns 35 ou 40 anos, não sei.
Ela se sentou na cabeceira da cama e começou a pentear seus lindos cabelos lisos um pouco loiros. Enquanto isso Dennis imaginava se casando com uma mulher tão linda quanto a mãe. Mas quem? Beatriz talvez? Não, Beatriz era gordinha e sardenta, então quem? Quem chegaria aos pés da beleza de sua mãe?
_Já está pronto filho? Precisamos ir para não perder a sessão!
_Que filme vamos ver mãe?_ Disse o pequeno Dennis enquanto sua mãe penteava os cabelos encaracolados parecendo anéis de anjinhos do menino.
_Esqueci o nome agora, mas acho que você vai gostar amorzinho.
Após chegar ao cinema, a mãe foi comprar os ingressos, Dennis estava radiante, era muito bom sair com a mãe e sem o pai por perto se sentia o homem da casa, andou o caminho inteiro com passos largos e orgulhosos de mãos dadas com a mãe.
_Anda mãe, o filme já vai começar!
_Calma Dennis, estou esperando algo.
Ela tirou dinheiro da bolsa e entregou ao menino.
_Toma, vai comprar um chocolate e me traga o troco.
Ela lhe entregou uma nota de vinte reais e ele voltou com duas barrinhas de chocolate nas mãos, algumas balas no bolso e uns bombons que se diziam explodir na boca, troco? Que troco? Mas a mãe nem perguntou, já foram entrando no cinema e se acomodando.
_Ali mãe, tem duas cadeiras vazias_Disse Dennis apontando para dois lugares vagos lá no meio duma fileira.
_Não filho, ali não é bom.
Eles procuraram mais um pouco e Gabriela mandou o filho sentar nas três últimas cadeiras de uma fileira.
_Não mãe, esse lugar aí não, ele é ruim.
Dennis não conseguiu enxergar nada onde estava, porque tinha uma pessoa com uma cabeça enorme sentada na frente dele e ainda por cima estavam acabando as cadeiras vagas do cinema para deixar o menino mais impaciente.
_Vai mãe, deixa eu sentar pelo menos do seu lado, tem uma cadeira vaga ali, por favor mãe.
Gabriela foi até o ouvido de Dennis e falou com uma voz suave, quem não a conhece-se até diria que ela estava lhe fazendo um elogio, entretanto só Dennis sabia o poder daquelas palavras.
_É melhor que se comporte rapazinho, se não vamos embora e você ficará de castigo.
E deu-lhe um beliscão no braço como punição pelo chilique. Ele ficou inconformado, qual era o problema? Ele só queria um lugar melhor, para piorar veio um homem que não dava para ver o rosto direito e sentou bem naquele lugar vago que sobrará.
As luzes se apagaram e o filme começou, Dennis abriu uma das barras e começou a mastigar aquele chocolate doce, era um filme de guerra ou algo assim com um casalzinho apaixonado metido no meio. Depois de alguns minutos de filme ele virou para o lado, viu a mão daquele homem pousar sobre as pernas de Gabriela e ela apertar a mão do tal homem com reciprocidade, Dennis ficou em choque e engoliu aquele chocolate como se tivesse comendo alguma coisa amarga, estava paralisado. Como a mãe que ele admirava tanto teve a coragem de fazer uma coisa daquelas? A vontade que ele teve era de dar um belo soco na cara daquele anônimo cafajeste.
Depois do cinema, Dennis foi embora calado, não dizendo uma só palavra.
_Filho porque você não está de mãos dadas com a mamãe mais?
_Porque eu já sou homem_Disse o garoto andando com passos curtos e cabisbaixo.
_Há, então o meu filhote já é um homem? o homenzinho da mamãe.
Quando chegaram em casa, encontraram o pai sentado na poltrona da sala com um notebook no colo.
_E aí querida? como foi o filme?
_Foi bom, mas parece que nosso filho não entendeu nada.
Dennis olhou para mãe e disse:
_Não mãe, você está enganada, eu entendi tudo.
Ela deu um beijo no marido e outro no filho que depois limpou o beijo como um sapo tivesse cuspido em sua cara, em seguida, subiu para tomar banho. Dennis olhava para o pai, pobre coitado, seu nome era Robynson e estava nos seus 54 anos já, mas não se engane, apesar de maduro, se cuidava, tinha os cabelos grisalhos, os óculos pesados e a barba bem feita, pois era empresário e precisava manter a boa aparência, tinha que lidar com reuniões importante todos os dias, trabalhava muito e por isso tinha pouco tempo para família, mas amava o seu filho muito, era o seu xodó.
_O que foi filho? Parece que está chorando.
O menino abraçou o pai com muita força e disse:
_Eu te amo pai.
_Eu também te amo filho_Respondeu o pai meio que sem saber o sentido daquilo tudo.
Então galera, gostaram? Escrevam nos comentários o que acharam, este primeiro capítulo foi inspirado no conto "O Menino" do livro "Venha ver o pôr do sol" da escritora Lygia Telles, foi este livro que me motivou a escrever esta série e espero que vocês, como eu, abracem ela, até mais galera!!
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